quarta-feira, 9 de março de 2011

a propósito da exposição da biblioteca nacional

sophia,

oxalá nunca me perca das tuas palavras, que tenho a certeza serão guardadas em muitos dos meus cadernos, na parede da memória e nas ruas da minha (in)consciência. gostava de te ter conhecido, ser tua amiga e ouvir-te a recitar os poemas que um dia me começaram a inspirar, numa idade em que a palavra «inspiração» é, para uma criança, um mero vocábulo engraçado que termina num som nasalado (e eu que nunca fui criança e tu que foste criança sempre).

as tuas histórias fizeram-me perceber que que é bom ser pequeno quando já se é grande. e fizeram por mim tudo aquilo que uma arca cheia de brinquedos ou um conjunto de filmes de animação não conseguiu fazer: levaste-me a universos onde brincar é imaginar, e imaginar é de gente crescida que não perdeu a liberdade.

espero lembrar-me sempre de ti, das tuas palavras. desejo que as tuas personagens me empurrem sempre para a frente da luta, a luta que tu um dia travaste contra o bolor do espírito.

(à sophia de mello breyner andreson, a minha escritora portuguesa de eleição.)


Into my heart on air that kills
From yon far country blows:
What are those blue remembered hills,
What spires, what farms are those?
That is the land of lost content,
I see it shining plain,
The happy highways where I went
And cannot come again.

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