sou uma pessoa que se orgulha de não ter medo de agulhas. o sangue não me provoca arrepios. não tenho medo do escuro. aprecio montanhas russas. não acredito que existem monstros de qualquer espécie, e as histórias de assustar nunca são suficientemente assustadoras.
do que é que tens medo afinal?
tenho medo de muitas das coisas do mundo das pessoas, que de fantástico e surreal nada têm. tenho medo da rotina, do cansaço, do comodismo, da solidão, da frustração, do ódio, da traição, da mentira, da depressão, de ficar sem amigos, de perder a vontade de escrever, de me transformar numa pessoa pior que eu própria (já sou tão má assim), de ser atormentada e nunca livre, de não poder deslocar-me de cabeça erguida, de não ter ninguém para me ler, e de ser ouvida pelo silêncio.
tenho medo que um dia a única coisa que me reste é este buraco negro, sugando tudo e todos para dentro dele, aumentando no meu peito até ele existir e eu desaparecer e já não ser gaby, nem gabyzinha, nem gabrielinha, nem ter o meu quarto pintado de azul e ter-me esquecido das minhas histórias e dos discos voadores que são insectos de plástico.
é assim que, dia após dia, sinto o chão debaixo dos pés numa calma agonia que nunca se vê, mascarada de sorriso calmo, olhar confiante e mãos gélidas. este é um grito, se é que me entendem, para que me enlacem e me apertem, e me leiam, e me ajudem, para que eu possa ainda ajudar os outros, quando na realidade o que estou a fazer é salvar-me.
(tens chuva nos olhos e um coração à beira do penhasco.)
olaa, gosto muito da tua maneira de escrever, os nosso textos são completamente diferentes, mas claro, cada um com o seu sentido, continua assim menina :)
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