"para ti, a vida resume-se a uma coisa: aprender. e, às vezes, sabes demasiadas coisas, que te impedem de viver."
- és tu, gabriela. és tu.
(heart shaped box - nirvana)
Espectro do Invisível
quinta-feira, 10 de março de 2011
quarta-feira, 9 de março de 2011
a propósito da exposição da biblioteca nacional
sophia,
oxalá nunca me perca das tuas palavras, que tenho a certeza serão guardadas em muitos dos meus cadernos, na parede da memória e nas ruas da minha (in)consciência. gostava de te ter conhecido, ser tua amiga e ouvir-te a recitar os poemas que um dia me começaram a inspirar, numa idade em que a palavra «inspiração» é, para uma criança, um mero vocábulo engraçado que termina num som nasalado (e eu que nunca fui criança e tu que foste criança sempre).
as tuas histórias fizeram-me perceber que que é bom ser pequeno quando já se é grande. e fizeram por mim tudo aquilo que uma arca cheia de brinquedos ou um conjunto de filmes de animação não conseguiu fazer: levaste-me a universos onde brincar é imaginar, e imaginar é de gente crescida que não perdeu a liberdade.
espero lembrar-me sempre de ti, das tuas palavras. desejo que as tuas personagens me empurrem sempre para a frente da luta, a luta que tu um dia travaste contra o bolor do espírito.
(à sophia de mello breyner andreson, a minha escritora portuguesa de eleição.)
Into my heart on air that kills
From yon far country blows:
What are those blue remembered hills,
What spires, what farms are those?
That is the land of lost content,
I see it shining plain,
The happy highways where I went
And cannot come again.
oxalá nunca me perca das tuas palavras, que tenho a certeza serão guardadas em muitos dos meus cadernos, na parede da memória e nas ruas da minha (in)consciência. gostava de te ter conhecido, ser tua amiga e ouvir-te a recitar os poemas que um dia me começaram a inspirar, numa idade em que a palavra «inspiração» é, para uma criança, um mero vocábulo engraçado que termina num som nasalado (e eu que nunca fui criança e tu que foste criança sempre).
as tuas histórias fizeram-me perceber que que é bom ser pequeno quando já se é grande. e fizeram por mim tudo aquilo que uma arca cheia de brinquedos ou um conjunto de filmes de animação não conseguiu fazer: levaste-me a universos onde brincar é imaginar, e imaginar é de gente crescida que não perdeu a liberdade.
espero lembrar-me sempre de ti, das tuas palavras. desejo que as tuas personagens me empurrem sempre para a frente da luta, a luta que tu um dia travaste contra o bolor do espírito.
(à sophia de mello breyner andreson, a minha escritora portuguesa de eleição.)
Into my heart on air that kills
From yon far country blows:
What are those blue remembered hills,
What spires, what farms are those?
That is the land of lost content,
I see it shining plain,
The happy highways where I went
And cannot come again.
domingo, 6 de março de 2011
penhasco.
sou uma pessoa que se orgulha de não ter medo de agulhas. o sangue não me provoca arrepios. não tenho medo do escuro. aprecio montanhas russas. não acredito que existem monstros de qualquer espécie, e as histórias de assustar nunca são suficientemente assustadoras.
do que é que tens medo afinal?
tenho medo de muitas das coisas do mundo das pessoas, que de fantástico e surreal nada têm. tenho medo da rotina, do cansaço, do comodismo, da solidão, da frustração, do ódio, da traição, da mentira, da depressão, de ficar sem amigos, de perder a vontade de escrever, de me transformar numa pessoa pior que eu própria (já sou tão má assim), de ser atormentada e nunca livre, de não poder deslocar-me de cabeça erguida, de não ter ninguém para me ler, e de ser ouvida pelo silêncio.
tenho medo que um dia a única coisa que me reste é este buraco negro, sugando tudo e todos para dentro dele, aumentando no meu peito até ele existir e eu desaparecer e já não ser gaby, nem gabyzinha, nem gabrielinha, nem ter o meu quarto pintado de azul e ter-me esquecido das minhas histórias e dos discos voadores que são insectos de plástico.
é assim que, dia após dia, sinto o chão debaixo dos pés numa calma agonia que nunca se vê, mascarada de sorriso calmo, olhar confiante e mãos gélidas. este é um grito, se é que me entendem, para que me enlacem e me apertem, e me leiam, e me ajudem, para que eu possa ainda ajudar os outros, quando na realidade o que estou a fazer é salvar-me.
(tens chuva nos olhos e um coração à beira do penhasco.)
do que é que tens medo afinal?
tenho medo de muitas das coisas do mundo das pessoas, que de fantástico e surreal nada têm. tenho medo da rotina, do cansaço, do comodismo, da solidão, da frustração, do ódio, da traição, da mentira, da depressão, de ficar sem amigos, de perder a vontade de escrever, de me transformar numa pessoa pior que eu própria (já sou tão má assim), de ser atormentada e nunca livre, de não poder deslocar-me de cabeça erguida, de não ter ninguém para me ler, e de ser ouvida pelo silêncio.
tenho medo que um dia a única coisa que me reste é este buraco negro, sugando tudo e todos para dentro dele, aumentando no meu peito até ele existir e eu desaparecer e já não ser gaby, nem gabyzinha, nem gabrielinha, nem ter o meu quarto pintado de azul e ter-me esquecido das minhas histórias e dos discos voadores que são insectos de plástico.
é assim que, dia após dia, sinto o chão debaixo dos pés numa calma agonia que nunca se vê, mascarada de sorriso calmo, olhar confiante e mãos gélidas. este é um grito, se é que me entendem, para que me enlacem e me apertem, e me leiam, e me ajudem, para que eu possa ainda ajudar os outros, quando na realidade o que estou a fazer é salvar-me.
(tens chuva nos olhos e um coração à beira do penhasco.)
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Antiguidades.
A tinta amarelecia (já nada era igual de antes), as árvores estavam nuas (é agora que percebo que tudo mudava). Peneiravas o sol, arrastava-te pelo chão como uma sombra de saudade atrás de um condenado e o gelo escorregava pelas palavras, contidas naquele bloco baço e vazio que eram os meus olhos.
E o meu coração que caía ao chão, nem cá estava, fugia de mim para ti.
Agora olho e já não te vejo. Vejo muitas coisas diferentes, cores e luzes, e tenho as mãos quentes e o meu coração estremece. Neste inverno, as palavras saem de mim e encontram o caminho para casa no alcatrão pérola das linhas das minhas mãos. Confusas, perdidas, no meio da brilhante confusão da minha dúvida marcham curvadas e molhadas, em frente.
(dig - incubus)
E o meu coração que caía ao chão, nem cá estava, fugia de mim para ti.
Agora olho e já não te vejo. Vejo muitas coisas diferentes, cores e luzes, e tenho as mãos quentes e o meu coração estremece. Neste inverno, as palavras saem de mim e encontram o caminho para casa no alcatrão pérola das linhas das minhas mãos. Confusas, perdidas, no meio da brilhante confusão da minha dúvida marcham curvadas e molhadas, em frente.
(dig - incubus)
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
O que é a palavra?
O que é a palavra?
Uma maçã envenenada, um presente (en)cantado. Veneno difuso ou alvo certeiro.
É o mais fiel espelho de nós e a capa que usamos para nos tapar.
A máscara que nos serve sempre.
Invento-me a partir de hoje, todos os dias; uma fénix num céu de cinza. Ir a mundos dentro da minha imaginação, cuja única fronteira é a barreira física que me separa a mim de tudo o que eu escrevo. Lutar contra mim própria, minha única e sempre fiel inimiga, na faixa de guerra de que são feitos os meus sonhos.
Com este novo espaço que me incendeia o tempo que alguém imaginou um dia existir, sou através do que vejo. Encontro aqui todas as horas físicas, vazias e frias que passo num mundo de onde não quero fugir, porque só nele encontro a porta para o nosso lado.
(requiem - mozart)
Uma maçã envenenada, um presente (en)cantado. Veneno difuso ou alvo certeiro.
É o mais fiel espelho de nós e a capa que usamos para nos tapar.
A máscara que nos serve sempre.
Invento-me a partir de hoje, todos os dias; uma fénix num céu de cinza. Ir a mundos dentro da minha imaginação, cuja única fronteira é a barreira física que me separa a mim de tudo o que eu escrevo. Lutar contra mim própria, minha única e sempre fiel inimiga, na faixa de guerra de que são feitos os meus sonhos.
Com este novo espaço que me incendeia o tempo que alguém imaginou um dia existir, sou através do que vejo. Encontro aqui todas as horas físicas, vazias e frias que passo num mundo de onde não quero fugir, porque só nele encontro a porta para o nosso lado.
(requiem - mozart)
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